Fibras e controle glicêmico: qual a relação e a recomendação?
As fibras são carboidratos não digeridos, isto é, passam pelo trato gastrointestinal quase intactas e a maior parte é eliminada com as fezes. Por isso, fornecem pouca caloria ao organismo. Apesar de não serem absorvidas no corpo, trazem benefícios incríveis para a saúde e são essenciais na alimentação da pessoa com diabetes.
Fibras no controle do índice glicêmico 1-3
As fibras são classificadas em solúveis e insolúveis, sendo recomendadas para pessoas com diabetes pelos seu efeito no controle do índice glicêmico da alimentação, resultando na melhora da resposta glicêmica. Elas auxiliam:
Digestão mais lenta
A presença de fibras na dieta diminui a velocidade de digestão e absorção fazendo com que a glicose seja disparada aos poucos no organismo, evitando a hipoglicemia e a hiperglicemia por garantir um tempo maior de absorção da glicose. 4
Redução do açúcar na alimentação
Quando ingerimos fibras solúveis, elas servem como uma “esponja”, absorvendo a água e formando um gel, que ao se misturar aos alimentos, capturam parte dos açúcares dos carboidratos. Dessa forma, parte desses açúcares não é absorvida, diminuindo assim o pico de açúcar no sangue. Eles são levados para as fezes onde serão eliminados. 5,6
Ação nos hormônios intestinais
O consumo de fibras está associado à ação dos hormônios intestinais, proporcionando melhora da produção de insulina e consequentemente, controle da glicose. 7
Controle do peso
Tanto as fibras solúveis como as insolúveis tem efeito no aumento da saciedade e plenitude, diminuindo assim a vontade de comer o tempo todo. A ação dos hormônios intestinais afetados pelas fibras, produzem efeito sobre áreas diversas do apetite.
Atividade prebiótica
Além disso, as fibras solúveis, como por exemplo a inulina, são chamadas de prebióticos, que agem como substratos (alimentos) para as bactérias boas do intestino, melhorando a composição e proporcionando uma microbiota saudável, o que também tem relação com a saciedade e vários outros aspectos de saúde. 8,9
Qual é a recomendação de fibras para pessoas com Diabetes? 2
A recomendação de fibras para pessoas com diabetes é de 14g/1000kcal/dia, o que seria, em média, 25g/dia para mulheres e até 38g/dia para homens. As fibras são encontradas nos vegetais, principalmente em folhas, talos, sementes e bagaços. As principais fontes alimentares são: frutas, verduras, legumes, farelo de aveia e de cevada, semente de linhaça, além de leguminosas como o feijão, a ervilha, o grão-de-bico e a lentilha.
Com relação à fibra prebiótica, existem recomendações de consumo mínimo de 4g ao dia de fruto-oligossacarídeos ou inulina. Os prebióticos podem ser obtidos na forma natural em sementes e raízes de vegetais como: chicória, cebola, alho, alcachofra, aspargo, cevada, centeio, grãos de soja, grão-de-bico e tremoço. 10,11
Além dos benefícios do uso de fibras no controle glicêmico em pessoas com diabetes tipo 1 e 2, há também evidências de que o maior consumo de fibras, diminui os índices de mortalidade. Um estudo constatou que o aumento de fibras de 15g para 35g por dia, pode contribuir com a redução de mortalidade precoce entre 10 e 48%. 12
Conclusão: as fibras podem ajudar muito no controle da glicemia, diminuindo a resposta da insulina e da glicose aos carboidratos da dieta, se consumidas em doses suficientes. A alimentação deve ser rica em carboidratos de lenta digestão como os cereais integrais e vegetais e com a suplementação de fibras, quando necessário. É importante evitar cereais refinados e sacarose, além de caprichar nas proteínas e incluir uma rotina de atividades físicas. Este conjunto de fatores apresenta grande efeito no controle glicêmico e exerce um papel protetor para o diabetes.
Conheça o Nutrição até Você, a loja oficial de Nestlé Health Science.
Referências:
- Seyffarth Soccal Anelena. Os alimentos: calorias, macronutrientes e micronutrientes. CRN 5.
- Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. Princípios gerais da orientação nutricional no diabetes mellitus. 2019/2020.
- Mello Vanessa D.de, Laaksonen David E. Fibras na dieta: tendências atuais e benefícios à saúde na síndrome metabólica e no diabetes mellitus tipo 2. Arq Bras Endocrinol Metab . 2009 .
- Edwards CA, Johnson IT, Read NW. Do viscous polysaccharides slow absorption by inhibiting diffusion or convection? Eur J Clin Nutr. 1988;42(4):307-12.
- Cummings JH, Macfarlane GT. Gastrointestinal effects of prebiotics. Br J Nutr. 2002; 87 Suppl 2:S145-51
- Slavin J. Fiber and Prebiotics: Mechanisms and Health Benefits. Nutrients 2013; 5: 1417-1435.
- O ´Rahilly S. Some observations on the causes and consequences of obesity. Clin Medicine 2016.
- Hu FB, Manson JE, Stampfer MJ, Colditz G, Liu S, Solomon CG, Willett WC. Diet, lifestyle, and the risk of type 2 diabetes mellitus in women. N Engl J Med. 2001;345(11):790-7.
- Flesch AGT, Poziomyck AK, Damin DC. O uso terapêutico dos simbióticos. Arq Bras Cir Escavação. 2014;27(3):206-9. 73.
- Weickert MO, Pfeiffer AFH. Impact of Dietary Fiber Consumption on Insulin Resistance and the Prevention of Type 2 Diabetes. J Nutr. 2018;148(1):7-12.
- World Health Organization. Diet, Nutrition and the Prevention of Chronic Diseases: report of a Joint FAO/WHO Expert Consultation. Technical Report Series 916. Genebra: WHO; 2003.