O que é diabetes e por que a nutrição pode ajudar?

O que é diabetes e por que a nutrição pode ajudar

A Diabetes Mellitus é uma doença crônica que tem como característica o aumento de glicose circulando no sangue. Como isso acontece? Imagine a cena:

Uma pessoa saudável, ao comer um prato de macarrão, por exemplo, manda para o organismo em média, 60g de carboidratos, que é convertido em glicose. Neste momento, entra em ação a insulina, hormônio responsável por levar esta glicose para as células, onde serão usadas como energia ou armazenadas. Quanto mais carboidratos esta pessoa comer, maior quantidade de insulina irá produzir para carregar esta glicose. Porém, quando o corpo não produz quantidade suficiente de insulina, parte desta glicose não é levada para ser usada pelas células. Ela fica lá, circulando no sangue e se acumulando, até o surgimento da famosa “hiperglicemia”. Esta condição pode trazer problemas para a saúde, por exemplo: problemas cardiovasculares, câncer e problemas neurológicos. 1

Infelizmente, a diabetes vem aumentando a cada ano não só em idosos, mas em pessoas a partir dos 30 anos. Estima-se que exista no mundo hoje aproximadamente 425 milhões de adultos portadores de diabetes mellitus. Só em 2015, foram mais de 4 milhões de mortes decorrentes desta doença. 1,2

As principais causas do aumento da diabetes no mundo são: 3

  • Ganho de peso;
  • Aumento do sedentarismo;
  • Consumo de alimentos ricos em açúcares e gorduras.

Você sabia que 50% das pessoas com Diabetes não sabe que tem a doença? É muito importante que o diagnóstico seja feito o quanto antes para que se inicie o tratamento. 4

Tipos de Diabetes 1, 5, 6

Diabetes Mellitus 1 – Ocorre de forma mais rara e é considerada um tipo autoimune, isto é, quando o próprio sistema imunológico ataca as células do pâncreas responsáveis por produzir a insulina. São mais presentes em crianças (90%).

Tratamento: Reposição da insulina. Deve ser aliada à terapia nutricional, como contagem de carboidratos, automonitorização, além da prática regular e planejada de atividade física com o objetivo de manter as metas glicêmicas nos limites da normalidade.

Diabetes Mellitus 2 – Mais comum. Ocorre ao longo da vida (a partir dos 30 anos) devido a maus hábitos alimentares e estilo de vida. Nem sempre é tratada com medicamentos. Mudanças no estilo de vida, prática de atividade física e mudanças alimentares, podem trazer ótimos resultados, inclusive a remissão da doença, isto é, a pessoa pode passar a manter os níveis de glicose normais mantendo apenas estes hábitos saudáveis.

Diabetes Gestacional – Ocorre somente durante a gravidez devido à ação de hormônios que inibem a produção da insulina. O tratamento geralmente é o mais natural possível, com inclusão de exercícios seguros e mudanças alimentares. Porém, se a diabetes persistir, o médico pode optar por usar medicamentos antidiabéticos.

Pré–Diabetes – Ocorre quando os níveis de glicose estão altos, mas não o suficiente para ser diagnosticado com a doença. Como na diabetes tipo 2, mudanças no estilo de vida com boas escolhas alimentares e exercícios, podem trazer grandes benefícios e normalizar a glicose, sendo necessário entrar com medicamentos somente quando estas medidas não forem suficientes.

Por que a Nutrição pode ajudar no controle da Diabetes? 7, 8

Quando pensamos em alimentação na diabetes, logo pensamos nos carboidratos. É mesmo verdade que a pessoa precisa excluir frutas, bolos, pães, doces e massas da dieta? A resposta é não. Os carboidratos continuam sendo importantes fontes de energia para o corpo e não devem ser excluídos da alimentação. Porém, um fator muito importante é priorizar alimentos com o chamado “baixo índice glicêmico. isto é, alimentos que ao serem consumidos, possuem lenta absorção e disparam a glicose aos poucos no organismo. Com isso, ocorre um maior controle glicêmico, prevenindo a hiperglicemia. Além de carboidratos com baixo índice glicêmico, outros fatores ajudam a diminuir a velocidade do disparo de glicose após a ingestão de carboidratos. Um deles é o consumo de fibras que são aliadas superimportantes na alimentação da pessoa com diabetes, pois atrasam a digestão dos alimentos que acompanha e por isso, também contribuem para a prevenção da hiperglicemia.

Além dos carboidratos, é importante prestar atenção também nas gorduras e proteínas na alimentação para controle da diabetes. A recomendação de proteínas é em torno de 1 a 1,5g/kg de peso corporal por dia. 8 Estudos mostram que dietas com maior quantidade de proteínas de alto valor biológico, por exemplo, o Whey Protein, exercem benefícios como: 9

  • Melhora do peso corporal;
  • Melhora da glicemia em jejum;
  • Menor necessidade de insulina.

O consumo de alimentos ricos em gorduras de boa qualidade como exemplo, o ômega 3, são recomendados para reduzir o risco cardiovascular, que é considerado também uma doença decorrente das diabetes. 10

Portanto, as recomendações para o controle da glicose nos diabéticos são:
Consumo de alimentos saudáveis, ricos em nutrientes como as vitaminas e os minerais;
Escolha de carboidratos e alimentos de baixo índice glicêmico;
Ingestão de alimentos ricos em fibras;
Inclusão de boas escolhas e quantidades de proteínas e gorduras de boa qualidade;
Prática de atividades físicas.

Muito importante: A dieta deve ser elaborada por uma nutricionista e alinhada com o médico, considerando todo o histórico dos exames, bem como peso, altura e idade do paciente.

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Referências:

  1. Campos LF, Hafez VCB, Barreto PA, Gonzalez MC et. al. Diretriz BRASPEN de Terapia Nutricional no Diabetes Mellitus. BRASPEN J 2020.
  2. International Diabetes Federation. IDF Atlas. 8. ed. Bruxelas: International Diabetes Federation; 2017.
  3. Rawshani et. al. Risk Factors, Mortality, and Cardiovascular Outcomes in Patients with Type 2 Diabetes. 2018.
  4. Prevalência de diabetes mellitus e fatores associados na população adulta brasileira: evidências de um inquérito de base populacional. Rev. bras. epidemiol. 20 (01) Jan-Mar 2017.
  5. Maraschin Jorge de Faria, Murussi Nádia, Witter Vanessa, Silveiro Sandra Pinho. Classificação do diabete melito. Arq. Bras. Cardiol. [Internet]. 2010 Aug.
  6. Diabetes mellitus gestacional. Rev. Assoc. Med. Bras. 2008.
  7. Silva Flávia Moraes, Steemburgo Thais, Azevedo Mirela J.de, Mello Vanessa D.de. Papel do índice glicêmico e da carga glicêmica na prevenção e no controle metabólico de pacientes com diabetes mellitus tipo 2. Arq Bras Endocrinol Metab . 2009.
  8. Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes. Princípios gerais da orientação nutricional na diabetes mellitus. 2019/2020.
  9. Hamdy O et al. Protein content in diabetes nutrition plan. Curr Diab Rep. 2011;11(2):111-9.
  10. Santos R.D., Gagliardi A.C.M., Xavier H.T., Magnoni C.D., Cassani R .Lottenberg A.M. et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz sobre o consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular. Arq Bras Cardiol. 2013;100(3):1-40.
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